Dona Deza cozinha sorrindo e prepara carne recheada na panela
Aos 85 anos e muitas histórias, Dona Deza gosta de cozinhar o trivial, mas com tempero de carinho, afeto e muito amor
17/10/2014 Delzuita Santana Barbosa fala baixo, de maneira pausada e sempre com um sorriso. Os cabelos compridos e brancos evidenciam tratar-se de uma pessoa idosa, mas o rosto sem muitas rugas tenta negar que ela completou 85 anos em junho passado. Destes 85 anos, em 76 ela cozinha. Ou seja, começou com 9 anos, incentivada pela avó Jovelina, na cidade de Ituaçu (BA). Foi com ela que aprendeu o básico e também a preparar bolos. "Nós fazíamos juntas", diz dona Deza, como ela é chamada. Aprendeu a fazer o feijão, o arroz, a carne e os legumes, que não faltam em sua alimentação diária. Dona Deza gosta de fazer o que se pode chamar de trivial na cozinha. Mas como imaginar que é trivial um arroz, feijão e bife acebolado preparado por ela? A neta Any Keila diz que "o arroz dela é o melhor". Dona Deza sabe o que os netos, principalmente os que já são maiores de idade, gostam que ela prepare na cozinha. "O Eduardo gosta de frango à parmegiana; a Vanessa gosta de bife". Os dois moram em Belo Horizonte, para onde ela viajou de avião pela primeira vez na vida aos 82 anos, gostou e já foi novamente mais duas vezes. "Não sabia que era tão bom. É muito rápido. Só quero ir de avião, agora", comenta Receita ela não utiliza para cozinhar. "Não sei fazer essas comidas diferentes. Faço a minha comida e faço de olho. A gente sabe o que tem que pôr e quanto tem que pôr de tempero", destaca. Ela já morou em várias cidades paulistas, além de Campina Grande (PB), Bagé (RS) e Tucuruí (PA). Hoje vive em Sorocaba. Para o Sabor da Cidade, dona Deza fez um frango à parmegiana e uma ponta de alcatra recheada com calabresa, bacon e cenoura ralada. Pacientemente, ela abriu parte da alcatra, temperou com alho, sal e cebola, pôs o recheio e deu uns pontos com uma linha grossa para não abrir. Depois colocou a carne numa panela para cozinhar com um pouquinho de óleo para não grudar. Por quanto tempo? "Não marco o tempo, não. A gente sabe quando fica pronta. Ela fica dourada", diz ela. Antes de servir, ainda regou a carne com o molho que ficou na panela. Sem dúvida, o carne ficou deliciosa. Quem vê imagina que foi assada no forno e não numa panela no fogão. A carne fica macia e úmida. Para acompanhar, preparou delicadamente uma salada de alface, tomate e cebola, além do arroz e feijão e o frango que empanou, fritou e numa forma cobriu com presunto e muçarela para pôr no forno até derreter o queijo, tudo com a experiência que branqueou seus cabelos, mas não lhe tirou a jovialidade. Quando recebe visita, cozinha sorrindo.