09/09/2024 Val Rocha
Num convívio muito agradável, personagens famosos e outros ainda desconhecidos do grande público se apresentam numa imensa área paulistana. Estão nos livros, mas há também montagens de dragão, unicórnio e mascarados de todo tipo, e histórias dos cordéis em seus repentes. O universo da literatura dá vazão à imaginação e transforma São Paulo na capital literária do Brasil e da América Latina.
Começou dia 6 em São Paulo, no Distrito Anhembi, a 27ª edição da Bienal Internacional do Livro de São Paulo, um evento grandioso e que vai reunir dezenas de milhares de pessoas até o dia 15 de setembro. Tido como o maior evento cultural da América Latina, a Bienal do Livro oferece não só os livros como a interação com autores, discussão sobre livros e escrita além de atividades diversas destinadas a públicos de qualquer idade e também diversão. Os livros atendem também a todos os ramos de interesse, sejam ficção, realidade, filosofia, mundo infantil, aventura, técnicos e, como não poderia faltar, gastronomia.
Leitores e autores se encontram no espaço gigantesco da Bienal do Livro. E a interação é a melhor aposta da Bienal. Autores famosos e iniciantes conversam com seus leitores, autografam livros e orientam quem gosta de ler e ou de escrever. Daniela Yuri Uchino, doutora em letras e autora dos livros "Somos todos malas", "O Natal dos malas" e "Adolescentes malas", em que aguça o toque do humor, fez valer essa relação entre escritor e leitor. No estande "Escreva, Garota!" (corredor K), grupo criado por Lella Malta em apoio, engajamento e capacitação de mulheres que escrevem, ela encontrou seus leitores que aproveitaram para autógrafos e bate-papo. Esta é a segunda participação de Daniela na Bienal de São Paulo (esteve também na de 2022), experiência que ela destaca como muito boa, em suas publicações nas redes sociais. E foi assim mesmo no sábado (7) e domingo (dia 8) a julgar pelo encontro com leitores, que ela repetirá nos dias 14 e 15, os últimos do evento.
Anna Clara e Clarissa Moreira são do interior de Minas Gerais (Itapecerica, cerca de 180 quilômetros de Belo Horizonte) e não perderiam de modo algum a Bienal do Livro. Apaixonadas por literatura, as jovens de 25 anos são gêmeas e criaram o @leituradasgemeas, perfil no Instagram em que fazem o que gostam: ler e difundir literatura, especialmente dos autores iniciantes. Elas não perdem eventos literários e na bienal paulistana participaram de 6 a 9 de setembro de eventos que visaram à aproximação delas com os seus seguidores, uma vez que atuam como influenciadoras literárias no mundo que chamam de "Gemeasverso". Anna Clara é formada em fisioterapia e Clarissa, em serviço social. Elas são dois exemplos de um grande número de influenciadores literários que participam do evento.
E são os jovens a maioria do público da bienal. Alguns vão fantasiados com roupas usadas por personagens de histórias dos livros, numa espécie de cosplay. No domingo (8) o gigantesco salão lotou (os ingressos acabaram no sábado). Nos imensos corredores filas se formaram para a compra de livros ou para o contato com os autores. Essa percepção da presença de jovens, foi destacada pelo escritor e jornalista Carlos Araújo, autor do romance "O ódio solto no pasto" (Grupo Editorial Atlântico), que narra as aventuras e desventuras da personagem Ciro Valle, mesclando fantasia e realidade. Para ele, é positiva a presença maciça de jovens. Apesar de entender que parte vai à bienal em razão dos eventos, crê que há um ganho para a literatura como um todo no que diz respeito à formação de público leitor. Usou uma imagem para definir o evento: "um grande parque de diversão e os brinquedos são os livros. Há brincadeiras para todas as idades". Além de divulgar seu romance, Carlos Araújo encontrou na bienal dois amigos escritores: Pedro Cadina, autor do romance policial "Os crimes do Jardim Celeste" (editora Patuá), que estava autografando o seu livro no estande da Associação Brasileira de Escritores de Romance Policial, Suspense e Terror (Aberst), no corredor J, e com Val Rocha, autor o romance Rios Paralelos (Grupo Editorial Atlântico).
Os corredores onde estão os estandes vão da letra "A" até a "K". Neles, se acomodam editoras, distribuidoras, o Senac (com destaque para livros de gastronomia de Rita Lobo) e empresas ligadas ao universo dos livros. Há ainda espaços para eventos específicos como palestras. É possível adquirir livros a partir de R$ 15, entre clássicos, clássicos em história em quadrinho e os livros apresentados por editoras nos seus respectivos estandes. O maior deles é o da Companhia das Letras.
Entre as tantas atrações culturais da bienal, há o Espaço Cordel e Repente (corredor K), que tem logo abaixo do nome as palavras "Lua", Luiz" e "Luz". Não passam de dicas de que a homenagem é para o Rei do Baião, Luiz Gonzaga. Com atrações diárias, é uma das visitas obrigatórias. O estande tem shows com a mistura de música e poesia dos repentes. Outro espaço concorrido é o Cozinhando com Palavras, no qual chefs abordam receitas culinárias.
Dentro da bienal há três praças de alimentação. O que o visitante não deve esperar é local para se sentar. Há muito poucas mesas e cadeiras. A acomodação usada é o chão.
Ingressos e horários
Os ingressos podem ser adquiridos no site da bienal www.bienaldolivrosp.com.br , onde há mais informações. O Distrito Anhembi, está na mesma área do Sambódromo paulista, localizado a cerca de 2 quilômetros da estação Portuguesa-Tietê da linha Azul do Metrô. Ônibus gratuitos são oferecidos para a Bienal do Livro, a partir dessa mesma estação Portuguesa-Tietê. É recomendável comprar ingresso com dias de antecedência para sábado e domingo. O ingresso custa R$ 35 e R$ 17,50 meia. Crianças até 12 anos e pessoas acima de 60 anos não pagam, bem como professores das redes pública e privada e portadores da Credencial Plena do Sesc, mas devem apresentar documento. O horário de funcionamento é das 10h às 22h (exceção do domingo, dia 15, que é das 10h às 21h e acesso ao evento até 19h).